Avaliação Psicológica

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Avaliação psicológica é um processo científico que permite ao psicólogo(a) ou pesquisador em Psicologia obter informações sobre as condições de funcionamento de psicológicos das pessoas, com base em demanda e circunstâncias determinadas, visando auxiliar na tomada de decisão apropriada ao caso. Para realizar esse processo, o psicólogo vale-se de procedimentos técnicos e científicos, conforme sua especificidade no processo de avaliação.

A Avaliação Psicológica possui um caráter dinâmico e pode subsidiar trabalhos nos diferentes campos de atuação do(a) profissional, tais como saúde, educação e trabalho, conforme explica João Carlos Alchieri, coordenador da Comissão Consultiva de Avaliação Psicológica do Conselho Federal de Psicologia (CFP). “Quando precisamos de informações sobre um candidato num processo de seleção de pessoas para uma empresa, por exemplo, temos um perfil profissiográfico. Com base nesse perfil, a Avaliação Psicológica, no processo seletivo, visa identificar quais as características que determinados candidatos possuem em relação ao perfil solicitado. O mesmo ocorre do ponto de vista clínico, nós podemos avaliar um paciente para verificar características cognitivas para um possível diagnóstico. O profissional embasa-se, portanto, do processo de Avaliação Psicológica para procurar indicadores, elementos que levem ou possibilitem a outrem a tomada de decisão sobre o quadro”, elenca.

Ao fornecer características sobre o comportamento ou aspectos relacionados ao funcionamento psicológico das pessoas, o (a) psicólogo (a) poder fazer uso da Avaliação Psicológica seja no sentido de complementar uma diagnose ou de caracterizar elementos para uma decisão. “O propósito é fornecer indicadores que levem a uma tomada de decisão visando uma intervenção. A Avaliação Psicológica não se restringe a apresentação de um resultado, no final do processo, mas visa possibilitar uma intervenção a partir do entendimento das características da pessoa”, elucida Alchieri.

Segundo a Resolução CFP nº 007/2003, “os resultados das avaliações devem considerar e analisar os condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a conclusão do processo de Avaliação Psicológica”.

Processo de avaliação e uso de testes psicológicos

O instrumento mais comumente conhecido pela sociedade como sinônimo de Avaliação Psicológica é o teste psicológico. Entretanto, ele é um dos procedimentos técnicos utilizados em um processo de avaliação psicológica.

Para o representante do CFP, contudo, é importante que o profissional e a sociedade possam compreender que outros métodos utilizados pelos psicólogos ampliam a obtenção de resultados sobre o contexto de vida do avaliando, mais do que somente pelos resultados dos testes. “Testes, instrumentos, técnicas, métodos, são um conjunto de procedimentos que o psicólogo vai utilizar de acordo com os determinantes e objetivos solicitado para a avaliação. Podemos entender mais sobre o funcionamento psicológico da pessoa, em um processo de avaliação, observando o conjunto de expressões comportamentais, integrando-as aos resultados de técnicas de entrevistas e testes, considerando o contexto biopsicossocial. Penso que por muito tempo levamos as pessoas a considerar que o trabalho do psicólogo somente estava baseado em testagens e creio que isso caracterizou um viés na percepção. Com as técnicas de entrevista e observação, podemos pedir ao cliente que se autodescreva – isso é tão importante quanto a observação direta do comportamento.”

Tal posicionamento também é contemplado pela presidente do CFP, Mariza Borges. “É muito bem vindo que comecemos a avançar o olhar sobre a Avaliação Psicológica para além dos testes padronizados, mas para todos os processos avaliativos utilizados por diferentes vertentes teóricas e metodológicas da Psicologia. Isso não quer dizer que não se dê importância à questão dos testes, mas vamos tentar ampliar esse olhar sobre a avaliação em coerência com nossa proposta política, que é de atender a todo o campo de conhecimento da Psicologia”, defende.

Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica

O CFP mantém uma Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica integrada por psicólogos convidados, de reconhecida competência na área de avaliação como também em elaboração de instrumentos psicológicos, com o objetivo de analisar e emitir pareceres e apresentar sugestões para o aprimoramento dos procedimentos e critérios envolvidos, subsidiando as decisões do Plenário a respeito da matéria. “O papel da Comissão é fornecer elementos para a Plenária de forma que possamos entender as características mais emergentes das necessidades da avaliação psicológica envolvidas em determinados aspectos do trabalho do(a) psicólogo(a). Não é tão somente avaliar os testes ou administrar o SATEPSI, mas fornecer elementos para que a Plenária possa tomar decisões no que diz respeito às características sociais e o cenário político proposto pelas gestões”, aponta João Carlos Alchieri.

A avaliação de testes pelo CFP é realizada a partir dos critérios mínimos obrigatórios contidos no Anexo I da Resolução CFP 002/2003, denominado Formulário de Avaliação da Qualidade de Testes Psicológicos, que permite apreciar um conjunto de propriedades básicas que os instrumentos psicológicos devem possuir, de acordo com os parâmetros internacionalmente definidos para que sejam reconhecidos pela comunidade científica e profissional. O formulário disponível em http://satepsi.cfp.org.br/ está dividido em três partes – descrição geral do teste, requisitos técnicos e consideração e análise dos requisitos mínimos: fundamentação teórica, precisão, validade e normatização.

Para a realização efetiva e eficaz do processo de Avaliação Psicológica, todo(a) psicólogo(a) deve conhecer a legislação referente ao tema, como as resoluções do CFP e o Código de Ética Profissional do Psicólogo; manter atualizados os conhecimentos da Psicologia, como o desenvolvimento humano, inteligência, memória, atenção, emoção, dentre outros, além de construtos avaliados nos diferentes testes e em diferentes perspectivas teóricas. Desta forma, não fornecerá somente o resultado de uma tabela de percentil ao seu cliente, mas uma decisão ampliada e caracterizada na expertise de um profissional.

SATEPSI e avaliação de Testes Psicológicos

O SATEPSI, com mais de 10 anos de atividades, avaliou instrumentos de diversas áreas e âmbitos de atividade do(a) psicólogo(a), tendo uma média de reprovação de 39%. Dos 254 testes recebidos para avaliação em 11 anos (2003 a 2014), 99 foram reprovados por não atender aos critérios mínimos estabelecidos no Anexo I da Resolução 002/2003. A qualidade da avaliação psicológica também é assegurada pelos critérios de avaliação.

Saiba mais em http://satepsi.cfp.org.br/